O Bixiga é entendido como um dos mais tradicionais bairros da cidade de São Paulo, embora na divisão administrativa da cidade ele não exista oficialmente como tal. Corresponde aproximadamente à região localizada entre as ruas Major Diogo, Avenida Nove de Julho, Rua Sílvia e Avenida Brigadeiro Luís Antônio, no distrito da Bela Vista, embora sua delimitação possa ser motivo de polêmica dependendo da fonte.
Formado por imigrantes italianos, ganhou importância histórica e turística na capital paulista. A tradição e a religiosidade italianas, que são fortemente mantidas e as inúmeras cantinas existentes no bairro são grandes atrativos turísticos. No bairro situa-se a sede da escola de samba Vai-Vai, que até 2006 realizava ensaios pelas ruas do bairro.
Índice [esconder]
1 História
2 Pontos históricos
2.1 Arquitetura
2.2 Cultura
3 Referências
História[editar | editar código-fonte]
O primeiro registro de ocupação da área é de 1559, como Sítio do Capão, de propriedade do português Antônio Pinto, e mais tarde passou a chamar-se Chácara das Jabuticabeiras, por causa do alto número de árvores dessa espécie.1 Nos anos 1820 um homem conhecido como Antônio Bexiga, por causa de suas cicatrizes de varíola (popularmente conhecida como "bexiga"), comprou as terras, o que é a explicação para o nome do bairro.1
Por volta de 1870 Antônio José Leite Braga decidiu lotear parte de sua "Chácara do Bexiga". O loteamento já estava anunciado em 23 de junho de 18781 e foi inaugurado em 1 de outubro do mesmo ano, com a presença do imperador Pedro II, lançando a pedra fundamental de um hospital que, no entanto, jamais foi construído. Lotes pequenos e baratos interessaram aos imigrantes italianos, pobres e recém-chegados ao Brasil, a maior parte deles vindos da Calábria2 , que não se interessavam por dirigir-se aos cafezais do interior do estado1 .
Com o intuito de afastar o sentido pejorativo do apelido dado ao bairro, seus moradores passaram a mudar a grafia de Bexiga para Bixiga.3 Outra explicação para a grafia seria uma adaptação ao jeito coloquial de se falar.1
Pontos históricos[editar | editar código-fonte]
Arquitetura[editar | editar código-fonte]
Vila Itororó
Vila Itororó.
Uma das construções mais extravagantes da cidade, a Vila Itororó, na Rua Martiniano de Carvalho, é um símbolo do Bixiga imigrante. Construída pelo tecelão português Francisco de Castro em 1922, ficou conhecida, já na época, como Casa Surrealista. Seu proprietário, além de trabalhar com tecidos, tinha conhecimentos nas áreas de engenharia e arquitetura, e os utilizou de forma inédita na construção do exótico casarão de quatro andares e 37 casas ao redor, ocupando uma área de 4,5 mil metros quadrados, que constituíram a primeira vila de São Paulo. Alguns de seus ornamentos construtivos vieram do teatro São José, e a Vila Itororó foi a primeira residência particular da cidade a ter uma piscina, aproveitando a nascente do riacho do Vale do Itororó, que dá nome ao local. Mais tarde, a Vila Itororó foi leiloada para cobrir dívidas do tecelão e acabou arrematada pela Santa Casa de Indaiatuba, que a alugou para outras pessoas. Apesar de tombado pelo conselho municipal de patrimônio histórico, a Vila Itororó já foi um dos vários cortiços deteriorados do Bixiga. Após desocupação abriga provisoriamente o conselho tutelar. A intenção da Prefeitura é transformá-la em um polo cultural.
Escadaria do Bixiga.
Escadaria do Bixiga
Ao lado da Praça Dom Orione, fica a escadaria que une a parte baixa do bairro à alta, na Rua dos Ingleses, dando acesso por um lado ao Museu dos Óculos, Museu Memória do Bixiga e Teatro Ruth Escobar, e do outro às famosas cantinas italianas e feira de antiguidades. A escadaria já foi palco de muitos filmes e peças publicitárias.
Casa da Dona Yayá
Arcos da Rua Jandaia .
O imóvel, que foi uma das primeiras chácaras do Bixiga, tornou-se propriedade de dona Sebastiana de Melo Freire em 1925, órfã rica que apresentou sinais de demência e viveu o resto dos seus dias no sanatório particular ali construído pelos seus tutores. Nessa época, o Bixiga eram campos nos "arredores" de São Paulo". Pertence ao patrimônio da USP desde 1972, e hoje sedia a Comissão do Patrimônio Cultura da USP, que o transformou em um centro cultural principalmente musical, após cuidadosa restauração.
Arcos da Rua Jandaia
Tombados pelo conselho municipal de patrimônio histórico como de preservação integral, a monumental obra na Rua Jandaia, sobre a 23 de Maio, o Muro dos Arcos foi descoberto quando a prefeitura demoliu as edificações que ali havia. Supõe-se que tenha sido construído no século XIX para proteção contra enchentes.